O Ministério Público de Rondônia (MPRO), em parceria com o Einstein Hospital Israelita, lançou na última semana o Programa de Saúde Mental, iniciativa que integra o projeto MP Mais Saudável. O objetivo é oferecer apoio psicológico, ampliar o conhecimento sobre saúde mental e formar agentes multiplicadores para atuar dentro da instituição.
Para o Procurador-Geral de Justiça, Alexandre Jésus de Queiroz Santiago, o lançamento do programa reforça o compromisso institucional com um ambiente de trabalho saudável. “Nós somos uma instituição formada por pessoas para melhorar a vida das pessoas. Esse projeto marca o compromisso de olhar para todos os nossos colaboradores como indivíduos que merecem cuidado e atenção em sua saúde mental”, afirmou.
O PGJ afirmou ainda que o maior desafio é superar o estigma. “Ainda existe muito preconceito em relação aos transtornos mentais. O programa do MPRO busca quebrar esses tabus e oferecer suporte prático e efetivo”, explicou.
Pessoas antes de processos
A cerimônia de abertura do Programa de Saúde Mental reuniu os servidores envolvidos diretamente no projeto, que compartilharam suas perspectivas sobre a importância estratégica desta iniciativa para a transformação da cultura organizacional da instituição.
O Secretário-Geral e promotor de Justiça Tiago Lopes Nunes destacou o potencial transformador do projeto: "Esse projeto pode realmente romper barreiras e nos levar para um outro patamar de cultura institucional de eficiência, mas, sobretudo, de humanização."
Complementando essa visão, a Chefe do Departamento de Desenvolvimento de Pessoas do MPRO, Amanda Souza de Oliveira Cabral, enfatizou a disposição institucional para evolução contínua: "Nós estamos também abertos para mudar, para aprimorar os nossos processos de trabalho e tornar esse ambiente cada vez mais saudável."
Por sua vez, o Diretor de Gestão de Pessoas do MPRO, Francisco Carlos Santos Andrade, trouxe uma perspectiva pragmática sobre a necessidade de ações concretas: "Não basta tratar da saúde mental dos integrantes apenas no discurso. Há de se ter iniciativas concretas. É exatamente isso que o Ministério Público de Rondônia está fazendo nesse momento."
Panorama
Na cerimônia de abertura, o psiquiatra Luiz Gustavo Vala Zoldan, coordenador médico de saúde mental do Einstein, apresentou dados e reflexões sobre os desafios atuais da saúde mental no Brasil e no mundo. Segundo ele, o país ocupa a primeira posição global em prevalência de transtornos de ansiedade e está entre os que apresentam as taxas mais altas de depressão.
Zoldan explicou que a pandemia de COVID-19 funcionou como um “divisor de águas” para a saúde mental. “Os transtornos psicoemocionais aumentaram em todas as faixas etárias. Vivemos uma quarta onda, marcada por problemas psiquiátricos, burnout e dificuldades econômicas”, destacou.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que uma em cada oito pessoas no mundo convive com algum transtorno mental. No Brasil, a proporção é ainda maior: uma em cada cinco. A maioria dos casos surge antes dos 40 anos, especialmente nos primeiros cinco anos de carreira profissional, quando a pressão e a adaptação ao trabalho são maiores.
No setor jurídico, estudos apontam índices acima da média populacional: 36% dos profissionais relatam problemas com o consumo de álcool, 28% sofrem de depressão, 19% convivem com ansiedade e 11% já tiveram pensamentos suicidas.
Esses dados revelam a importância de iniciativas voltadas ao cuidado psicoemocional no ambiente de trabalho. Segundo estudos internacionais, o campo jurídico é um dos mais vulneráveis: 36% dos profissionais apresentam problemas relacionados ao consumo de álcool, 28% sofrem de depressão e 19% convivem com ansiedade.
Estrutura
Neste contexto, o Programa de Saúde Mental do MPRO busca fortalecer o bem-estar psicológico como prioridade institucional, favorecendo relações mais humanas, ambientes mais saudáveis e melhores resultados para a sociedade.
Entre as ações previstas estão:
• Acolhimento psicológico remoto, com triagem para encaminhamento a consultas médicas quando necessário.
• Oficinas de letramento em saúde mental, para ampliar a compreensão sobre transtornos e práticas de autocuidado.
• Formação de multiplicadores, com integrantes da instituição capacitados para oferecer escuta empática e encaminhamento adequado em situações de risco.
• Eventos e encontros educativos, com palestras sobre estresse, autocuidado, prevenção ao burnout, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, entre outros temas.
